Mais uma
segunda-feira de trabalho, todos chegando para uma nova viagem a trabalho,
naquele animoooo, costumeiro que todos têm principalmente na segunda-feira.
O final de semana passou, a alegria
ficou para trás e outro um dia duro estava iniciando. Nesta viagem o motorista
escalado foi o Mané, também chamado de Portuga.
Portuga estava voltando de uma
viagem em que foi ver seus parentes, comeu muito bacalhau com batatas, bebeu
vinho e até tomou a famosa “bagaceira” (a pinga de Portugal). Fazia muito tempo
que não via seus familiares e por isso acabou exagerando.
Exagerou tanto que acabou com um
“pequeno desarranjo intestinal”, mesmo assim foi trabalhar, não pode se dar ao
luxo de faltar. País em crise, muito desemprego...
Antes de sair de casa tomou um
remédio e partiu para o trabalho torcendo para não ter um “revertério” e acabar
por sujar sua roupa.
Já com os passageiros sentados em
seus respectivos lugares, seu Manoel partiu para mais um dia de trabalho. Tudo
corria na mais perfeita ordem.
Clarinha contava piada para Clebão
que ficava vermelho de vergonha enquanto ela ria da vergonha do colega e falava
mais besteira ainda.
Dona Cacilda e o professor José
Ormindo só escutavam sem falar nada, apenas davam aquela risadinha discreta de
quem se diverte com o apuro do outro.
A viagem corria na mais tranquila
paz. Tudo no normal, o professor de Biologia dormia, outros passageiros viam
whatsapp ou simplesmente postavam fotos e frases no face.
De repente o ônibus encosta e todos
ficam preocupados, principalmente porque não tinha passageiro para descer no
local e nem na estrada pedindo para entrar.
-Ou, o que aconteceu? Não vai me
dizer que quebrou o ônibus!? Falou um dos passageiros preocupado em perder o
horário do serviço.
Silêncio total, ninguém falou nada.
Todos começaram a olhar para os lados para saber o que estava acontecendo,
quando perceberam que o Portuga saiu feito um raio do ônibus e correu para o
meio do mato.
- O que deu nele? - perguntou dona
Maroca.
_ Sei lá, respondeu Clarinha. Deve
ter acontecido alguma coisa.
- O Portuga foi é cagá! - disse um
garoto que estava no busão.
- O que é isso menino? Olha o
palavreado. Disse seu Ormindo. Como é que você fala assim do motorista?!
- Ele foi fazer o número dois sim,
eu vi levar o papel
higiênico nas mãos e entrar no meio do mato. -confirmou o garoto.
-É verdade eu também vi, disse
Yolanda, a vendedora. O coitado deve estar muito apertado.
Foi uma bagunça só no ônibus, a
maior folia, todo mundo rindo do motorista ter parado o ônibus para “obrar” no
mato.
- Essa é boa, vamos chegar atrasados
no serviço porque o motorista precisou ia ao “matinho”? Que absurdo!
- Para de frescura, tenho certeza de
que isso já aconteceu com todo mundo aqui. Quero saber quem aqui nunca fez na
calça, ou passou um sufoco desse?
- Deixe o coitado no mato. Se
chegarmos atrasados será por uma boa causa.
Depois de vários minutos seu Manoel
volta, meio sem jeito, com o rolo de papel higiênico quase vazio e suando
muito. Morrendo de vergonha dos passageiros.
- Me desculpem, não consegui
segurar. Fui a um encontro familiar e exagerei na comida e na bebida.
- Liga não seu Mané, a gente já passou
por isso várias vezes, é normal. Mas por favor, quando chegar à cidade vê se
lava as mãos heim? Hahahahahahaa, brincadeirinha...” Disse Clarinha se
esborrachando de rir.
Foi uma gargalhada geral, a farra
foi tão grande que até o Portuga acabou entrando na onda e se divertiu muito
também.
_
Essas coisas só acontecem aqui! Se eu contar para alguém o que acontece
nessas viagens a trabalho ninguém vai acreditar. Disse Yolanda.
- Por isso que adoro vir de ônibus.
Tenho carro, mas prefiro vir de busão, é mais divertido. (Crônica que faz parte do novo livro do professor Deodato: "Causos do Busão".)
Eu já presenciei situação semelhante mas envolvendo um passageiro do ônibus e não o motorista. Por acaso Deodato esta é mais uma história real onde o nome dos verdadeiros protagonistas foram omitidos?
ResponderExcluirNão totalmente, inventei mais da metade.
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